Soft skills e hard skills: veja de quais habilidades sua empresa precisa
Podemos comparar o valor das soft skills e hard skills com o do ouro e da prata, pois se trata de algo muito desejado no mundo corporativo. Não é fácil encontrar metais preciosos. Mesmo quando são identificados, é preciso usar técnicas para separá-los de detritos e aproveitá-los na fabricação de objetos luxuosos.
Da mesma forma são os profissionais talentosos: quando identificados, precisam ser preservados como investimento para que se tornem cada vez melhores.
Neste artigo, abordaremos o conceito das soft skills e hard skills. Vamos apontar quais são suas vantagens para o negócio e como funcionam, de maneira prática. Acompanhe!
O que são as soft skills e hard skills?
As habilidades hard skills são antigas conhecidas dos recrutadores, pois aparecem de forma recorrente nos currículos dos profissionais. Essas competências técnicas são aprendidas por meio de uma formação acadêmica ou outro tipo de educação formal. Por isso, são fáceis de reconhecer e mensurar por meio de testes.
Por outro lado, as soft skills se referem às habilidades comportamentais. Na maioria das vezes, são inseridas no nosso DNA ou aprendidas culturalmente durante a vida. Em outras palavras, não são aprendidas com métodos de ensino tradicionais.
Por esse motivo, podem ser mais difíceis de identificar e quantificar, podendo ficar escondidas devido à falta de oportunidades para demonstrá-las.
Quando a empresa tem uma gestão de competências eficiente, é possível encontrar essas “peças de ouro” e usá-las nas estratégias do negócio. O resultado é um time que entrega todo o seu potencial e, por isso, trabalha motivado para alcançar as metas organizacionais.
A diferença entre soft skills e hard skills
Quando falamos em soft skills e hard skills, a principal diferença está na forma como esses dois tipos de habilidade são reconhecidos e mensurados.
Para as hard skills, é tudo mais simples. Como se tratam de conhecimentos específicos, fica fácil mensurá-los de maneira objetiva. Basta aplicar um teste teórico ou atividade prática para compreender se o profissional tem aquela habilidade que queremos testar.
As aptidões técnicas costumam ser mais facilmente identificadas, pois sempre existe um jeito correto de operar uma máquina ou realizar uma tarefa. O comportamento que foge disso não se encaixa e, portanto, não tem a competência.
Para as soft skills, o processo tende a ser um pouco mais complexo. Elas falam sobre competências comportamentais que, via de regra, são subjetivas. É praticamente impossível testar se um colaborador tem proatividade de maneira rápida, por exemplo. E ainda que fosse uma tarefa viável, qual seria a escala que usaríamos para mensurar essa habilidade?
A origem dos termos
Tudo indica que a origem do termo “soft skills” remonta ao exército americano no fim da década de 1960. O termo foi criado para diferenciar as habilidades técnicas, como aquelas empregadas para operar maquinário, de outras mais subjetivas.
Os militares perceberam que muitas atividades importantes dependiam dessas skills. Atividades como liderar pelotões, motivar soldados e planejar ações exigiam conhecimentos que eles ainda não tinham catalogado e estudado a fundo.
Ainda que as habilidades comportamentais já existissem nas discussões de desenvolvimento de maneira conceitual desde os anos 1960, foi só em 1972 que o termo “soft skill” começou a ser empregado oficialmente. O termo é listado pela primeira vez em um relatório do exército dos Estados Unidos de autoria do treinador e Ph.D. Paul G. Whitmore.
Por conta de sua natureza não-quantificável, as soft skills sofreram muitas críticas no início. Duvidavam que elas pudessem ser habilidades legítimas. Com o passar das décadas, porém, o termo ganhou o mundo e seu entendimento geral sofreu mudanças. Hoje, as competências comportamentais são consideradas como parte fundamental da inteligência emocional e foco de muitos processos seletivos.
A importância das soft e hard skills para a organização
As soft skills e hard skills promoveram uma mudança enorme na forma como o setor de recursos humanos trabalha e encara a gestão de competências.
A partir daqui, os treinamentos e a educação formal já não são mais os únicos critérios para avaliar a elegibilidade de um candidato. Dessa forma, podemos dizer que o conceito teve enorme importância, por exemplo, nos processos de recrutamento.
A consciência de que “liderança” pode ser uma habilidade ajuda a direcionar melhor e ter precisão nas contratações. Mas não para por aí. Seu impacto envolve ainda outros aspectos da gestão de pessoas – confira:
Clima organizacional
O clima organizacional de uma empresa mede a percepção geral dos trabalhadores quanto à qualidade das relações no ambiente de trabalho. Ele é afetado positivamente quando existe uma gestão de pessoas que cuida de todos os aspectos da experiência do colaborador.
Por outro lado, o clima organizacional acaba sofrendo quando existem problemas de desempenho dentre o time. É o que acontece, por exemplo, quando os funcionários não são alocados de acordo com suas hard skills e soft skills.
Nesse caso, a operação terá problemas para realizar as entregas e isso vai causar um desconforto entre profissionais, prejudicando o clima organizacional.
Gestão de projetos
Cada vez mais, os modelos de gestão caminham para um paradigma que privilegia o autogerenciamento das equipes. É preciso que os grupos tenham capacidade técnica para dar conta das demandas de cada projeto com qualidade.
Ao mesmo tempo, as competências comportamentais servem para garantir bom relacionamento, um trabalho organizado e com proatividade.
A importância das soft skills e hard skills fica, então, ainda mais clara quando pensamos por essa perspectiva. Queremos que os colaboradores consigam gerir seu tempo satisfatoriamente e se organizem de maneira autônoma para compartilharem conhecimento.
Soft skills e hard skills na prática
Em 2016, um estudo apresentado pela Global Challenge Insight Report mostrou que, na era da Inteligência Artificial, as habilidades serão curingas para os profissionais manterem seus postos de trabalho.
Mas quais são as soft skills e hard skills mais procuradas? Veja a seguir.
Senso de liderança
O senso de liderança é uma soft skill bastante valorizada. O profissional que o tem, consegue gerenciar pessoas ao mesmo tempo em que as motiva a darem o seu melhor. Para isso, são necessárias duas outras competências: empatia e facilidade para lidar com outros.
Nesse momento, é importante definir a diferença entre chefe e líder. O primeiro é meramente aquele profissional que ocupa uma posição de chefia. O líder, por outro lado, precisa ser capaz de dividir seus conhecimentos, motivar sua equipe e ouvir os colaboradores para aprender com eles.
Conhecimento de línguas
Vivemos em um mundo globalizado e conectado, o que permite às empresas fazer negócios e manter escritórios em todas as partes do planeta. Por um lado, isso aumenta as possibilidades de contratação tanto para o RH quanto para os profissionais. Mas esse cenário também traz desafios próprios.
Dentro desse contexto, surge a necessidade por uma hard skill específica: o conhecimento de línguas. Quanto mais idiomas uma pessoa falar, maior será seu leque de opções e também a qualidade das vagas que ela terá acesso.
Trabalho em equipe
Muitas empresas adotaram a cultura colaborativa como um dos pilares de suas identidades. Assim, incentivando suas equipes a trabalharem de maneira coletiva para que todos possam contribuir com o resultado final à sua maneira. Essa tendência torna claro que a habilidade de trabalhar em equipe é uma soft skill fundamental nas organizações atuais
Pensamento crítico
Em uma entrevista para a revista Exame, Giedre Vasiliauskaite, professora da Universidade de Rotterdam, apontou o pensamento crítico como uma das habilidades mais importantes do século XXI. Essa soft skill envolve a capacidade de visualizar um desafio por ângulos diferentes e incomuns.
O pensamento crítico exige a disposição de se debruçar sobre um problema complexo e tentar decifrar todas suas especificidades. Ao fim, buscamos entender qual é a melhor forma de resolver a situação, de modo a minimizar as perdas e maximizar os ganhos.
Especializações na área
Como vimos, as especializações fazem parte das hard skills. Hoje, sabemos que todo profissional precisa manter-se aberto para novos conhecimentos durante a sua carreira.
O conceito chamado aprendizagem contínua – lifelong learning, no inglês – tem sido utilizado por muitas organizações. Ele aponta justamente para o fato de que a educação formal nunca está efetivamente concluída. Sempre haverá mudanças na área e novidades a serem aprendidas.
Isso só comprova a importância de continuar se atualizando com os melhores métodos e técnicas por meio de especializações.
Como o RH pode ajudar a desenvolver habilidades
Sobre as habilidades, hoje entendemos que tanto as soft skills quanto as hard skills podem ser desenvolvidas. Dentro desse contexto, é papel do setor de recursos humanos fazer a gestão de competências das equipes.
O RH precisa entender quais competências são necessárias para cada cargo e, também, quais delas já estão presentes dentre os colaboradores.
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A partir dessa análise, o setor vai então organizar soluções para o aprimoramento do time. Para as hard skills, é mais fácil imaginar as alternativas. Podemos investir em cursos, treinamentos corporativos (externos ou in company), programas de capacitação, além de guias escritos e vídeos de apoio.
Por serem habilidades mais subjetivas, o aprimoramento das soft skills acaba indo por outro caminho. Nesse caso, algumas das soluções incluem programas de acompanhamento individual, coaching profissional, palestras e workshops para trabalhar habilidades específicas para cada área/cargo.
Como identificar as habilidades em um processo seletivo?
Na hora do recrutamento, é importante que o RH tenha clareza sobre os requisitos da vaga. Esse é o primeiro passo para garantir objetividade. Depois que tiver recebido os primeiros candidatos, é a hora de aplicar testes de personalidade para entender qual o perfil comportamental de cada concorrente. Os testes psicológicos podem ser questionários ou até mesmo dinâmicas práticas.
Mas há também formas mais simples para lidar com a questão.
Atualmente, existem ferramentas virtuais que auxiliam no reconhecimento de competências. Por meio de testes, os candidatos demonstram o nível de suas habilidades. Após isso, um relatório é produzido para que os gestores tenham conhecimento sobre o perfil do profissional.
Essas tecnologias devem ser acompanhadas pelo direcionamento de especialistas na área de recrutamento e seleção. Sendo assim, a contratação de uma empresa de consultoria em RH pode ser bastante interessante para garantir que a gestão de competências seja bem conduzida na companhia.
5 vantagens de desenvolver soft e hard skills
O resultado do trabalho depende completamente de uma boa gestão das competências dos colaboradores. Caso você ainda não tenha se convencido sobre a importância das soft skills e hard skills, reunimos abaixo cinco vantagens de desenvolvê-las em sua organização.
1. Mais engajamento e motivação
Podemos começar citando os ganhos de engajamento e motivação que podem ser observados quando investimos no time. Frente à possibilidade de desenvolvimento profissional, os colaboradores se sentirão valorizados pela empresa. É uma demonstração clara de que existe um plano para que todos cresçam juntos.
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A partir dessa percepção, o trabalhador passa a entender que é relevante e isso o motiva a se engajar cada vez mais em suas funções. Ele vê que a empresa está investindo nele e, em troca, se torna mais investido no trabalho.
2. Aumento de produtividade
A partir da motivação criada pelas iniciativas de desenvolvimento, poderemos verificar um aumento nos níveis de produtividade. O engajamento sobe e isso se reflete nas formas como o trabalho é executado.
Essa não é uma mera percepção, mas um dado verificado empiricamente. Segundo estudo da consultoria de marketing Gallup, a rentabilidade de uma empresa pode aumentar em até 20% a partir do engajamento dos funcionários.
3. Mais qualidade nas entregas
Muita gente crê que um aumento na produtividade significa trabalho em hora extra ou sobrecarga de demandas. A realidade não poderia ser mais oposta. Ser mais produtivo não significa trabalhar mais, mas trabalhar melhor.
A melhoria na qualidade se torna inerente nesse sentido. O trabalho mais atencioso e engajado transparece em mais cuidado com cada detalhe da produção. Assim, temos entregas superiores e clientes mais satisfeitos.
4. Qualidade na alocação de cargos
Faz parte das obrigações do RH contratar profissionais de maneira coerente com as demandas de cada cargo. A partir da incorporação do conceito de soft skills e hard skills em seus procedimentos internos, fica muito mais fácil contratar com precisão.
Para além dos recrutamentos, o incentivo para que os funcionários desenvolvam suas skills também pode resolver inadequações no quadro. Não precisamos demitir alguém só porque falta uma habilidade. Basta oferecer oportunidades para que o colaborador desenvolva suas competências, enquanto permanece na empresa.
5. Redução de custos
Por fim, a redução de custos se torna uma consequência inevitável de desenvolver soft skills e hard skills como praxe do RH. Essa vantagem está completamente ligada aos aspectos de motivação e engajamento que citamos acima.
Isso porque quando temos uma equipe desmotivada, aumentam os níveis de absenteísmo e a taxa de rotatividade. Ambos fenômenos têm custos para a empresa, que só aumentam conforme as questões são exacerbadas. Mas, quando temos colaboradores satisfeitos, os gastos com faltas e demissões diminuem como consequência.
Identificando as habilidades que a empresa precisa
O acompanhamento das soft skills e hard skills é um passo importante para que o setor de RH tome as rédeas da gestão de pessoas e possa começar a desfrutar dos benefícios de ter uma equipe engajada.
A partir da avaliação do que é necessário para a empresa rodar satisfatoriamente, conseguimos contratar de maneira objetiva e ainda treinar a equipe interna para atender a essas demandas.
O apoio na estratégia nos ajuda a mapear todas as habilidades técnicas e comportamentais, para posteriormente desenvolver um cenário que deixa os colaboradores motivados e fomenta a produtividade.
Gostou do nosso conteúdo? Entendeu de quais soft skills e hard skills sua empresa mais precisa? Aprenda agora o que é a psicologia organizacional e como ela pode ajudar uma organização!
Informações sobre a autora:
Bianca Andrade
Psicóloga e Co-Founder da Sociis RH
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