Análise demissional: o que é e quando utilizar
A análise demissional é uma ferramenta que nos permite olhar com calma para as circunstâncias de uma demissão e coletar dados para melhorar a estratégica.
Na hora de finalizar contratos, muitas empresas seguem o processo de maneira mecânica, sem ao menos refletir sobre os detalhes da operação. A verdade é que toda demissão é carregada de informações que podem e devem ser utilizadas para melhorar a gestão.
Continue lendo para saber mais sobre o que é a análise demissional e como utilizá-la para desfrutar de todas as suas vantagens.
O que é análise demissional?
Chamamos de análise demissional o processo que se vale de uma demissão para traçar um plano de ação estratégico. A análise requer a coleta de informações sobre a relação do empregado com a empresa, em especial a influência de sua política de recursos humanos sobre o desligamento.
O objetivo é entender como as ações da gestão de pessoas impactam no trabalho dos colaboradores. Para isso, colhemos dados sobre o tempo de permanência média dos funcionários, as taxas de turnover, avaliações de desempenho e fit cultural do colaborador com a organização.
Ainda, é preciso considerar aspectos subjetivos durante a análise demissional. É importante entender qual é a percepção geral sobre o colaborador que está se desligando. Para isso, buscamos opiniões dos superiores hierárquicos e dos colegas de mesmo nível. Todos esses dados serão posteriormente analisados para propor mudanças e melhorias internas.
De maneira geral, a análise demissional existe para melhorar a qualidade das ações do RH e garantir contratações cada vez mais assertivas. Assim, economizamos com gastos de recrutamento e garantimos continuidade nos processos produtivos.
A importância da análise demissional
Toda empresa precisa lidar com o desligamento de funcionários em um momento ou outro. Essa é uma situação consideravelmente comum, ainda que cada caso seja singular em suas razões.
A demissão marca o fim de um vínculo entre empregado e empregador que pode ter durado poucos meses ou muito anos. Em alguns casos, ela acontece de comum acordo, mas, em outros pode ser o resultado de uma relação que se desgastou com o tempo. Por conta das particularidades, muitos profissionais de RH acabam negligenciando o potencial de aprendizado que existe aqui.
O fato é que toda demissão é uma oportunidade para a organização rever seus conceitos, ponderar suas escolhas e recalibrar a estratégia. A partir de uma análise criteriosa do cenário, conseguimos entender quais foram os elementos que contribuíram para o fim da relação trabalhista e utilizar essas informações para promover melhorias.
Vantagens de realizar a análise demissional
A análise demissional é uma importante ferramenta que todo departamento de RH pode adotar para ter mais assertividade em suas ações. Seus benefícios são muitos e evidenciam a viabilidade de sua aplicação.
Caso você ainda esteja na dúvida, confira abaixo as principais vantagens de realizar a análise demissional:
Planejamento estratégico
Todo departamento de recursos humanos deve seguir um planejamento estratégico para suas ações. Se agirmos a esmo, sem considerar os objetivos e metas da organização, dificilmente teremos os resultados esperados.
Nesse sentido, a análise demissional ajuda a encontrar os pontos fortes e os pontos fracos da estratégia atual. Ela funciona como mais uma fonte de informações que podemos utilizar para basear o processo decisório e garantir mais eficiência nas políticas internas.
Auxílio para ações preventivas
É importante mencionar que nenhum RH se mantém apenas apagando incêndios e mitigando os efeitos ruins observados durante a demissão. Quando chegamos ao desligamento, já não existe mais salvação para o relacionamento.
A boa notícia é que a análise demissional não serve apenas para nos debruçarmos sobre o que deu errado e encontrar maneiras de melhorar. De maneira ideal, os dados coletados por sua análise podem apontar para a possibilidade de problemas futuros. Assim, ela se torna também uma poderosa ferramenta para planejar ações preventivas e evitar dores de cabeça maiores.
Suporte para treinamentos
O momento do desligamento pode ser muito rico se o RH souber utilizar as informações para implementar melhorias na organização. Um exemplo sobre como fazer isso é identificar as falhas do treinamento que contribuíram para um colaborador pouco preparado, assumir os desafios da vaga.
Uma saída para esse cenário, então, é utilizar a análise demissional como um ponto de inflexão para promover mudanças na forma como novos colaboradores são treinados. Assim, garantimos uma adaptação mais tranquila e produtiva para novas contratações.
Menos turnover
Os altos níveis de rotatividade de pessoal (turnover) são um dos primeiros sinais que tem algo errado com as políticas de RH. Em alguns casos, falta assertividade na forma como as vagas são anunciadas e isso causa frustração nos contratados. Em outros, processos mal organizados podem gerar uma sobrecarga de demandas no cotidiano da produção.
Seja qual for o motivo do alto turnover, a análise demissional ajuda a identificar as causas e a direcionar seus esforços para solucionar o problema.
Clima organizacional
Por fim, a análise demissional nos ajuda a medir como está o clima organizacional dentro da empresa. É importante utilizar essa oportunidade de maneira consciente e construtiva. Na prática, isso significa ouvir com atenção tudo que ex-funcionário tem a dizer sobre sua experiência na empresa.
Esteja aberto aos feedbacks e procure enxergar o momento como uma oportunidade de melhorar o clima organizacional dali em diante. Assim, a empresa só tem a crescer.
Como fazer a análise demissional?
Se você chegou até aqui é porque já entendeu bem o que é uma análise demissional, sua importância e as vantagens que ela traz para a empresa. Para ter um bom resultado, o processo precisa ser realizado com método e critério.
Abaixo, reunimos dicas importantes para você fazer sua análise em seis etapas.
1) Identifique o momento certo
A análise demissional é importante, mas, ela tem um timing que precisa ser respeitado para que tenhamos os melhores resultados possíveis.
Primeiro, é preciso entender que a implementação do processo precisa ser planejada com antecedência. Em outras palavras, não é possível realizar uma análise retroativa com alguém que já deixou a empresa. É provável que a essa altura o profissional já esteja comprometido com outra organização e, portanto, o nível de engajamento nunca será o mesmo.
O gatilho para o início da análise é o pedido de demissão. A partir disso, programe as entrevistas para que elas aconteçam enquanto o colaborador ainda está cumprindo seus últimos compromissos na empresa.
2) Entrevista de desligamento
O primeiro passo, então, é a entrevista de desligamento com o colaborador que está saindo da empresa. Esse é o ponto de partida para começarmos a coletar informações sobre a experiência daquele profissional dentro da organização.
A escolha das perguntas deve ser muito bem pensada. Não gaste energia com assuntos irrelevantes, vá direto ao ponto e questione sobre o que de fato é fundamental para sua gestão. Em seu questionário, é importante incluir perguntas objetivas e abertas para que o profissional tenha liberdade para se expressar.
3) Pesquisa demissional
Avançando na coleta de dados para sua análise, nós temos a pesquisa demissional.
Muitos confundem a pesquisa com a entrevista, mas, elas não são a mesma coisa. A principal diferença aqui é que a pesquisa vai aprofundar mais nos assuntos levantados pela entrevista preliminar.
O ideal é que a pesquisa possa ser preenchida de maneira independente, sem as intervenções do RH. Queremos dar privacidade para que o profissional possa apontar os problemas sem qualquer constrangimento.
4) Exame demissional
Requisito legal de todo desligamento de empregados sob o regime da CLT, o exame demissional também é parte importante da análise. Ele garante uma anamnese clínica para aferir as condições gerais de saúde do trabalhador.
A intenção aqui é comparar os resultados do admissional com o demissional para entender os efeitos da empresa sobre a saúde de seu funcionário. O resultado é importantíssimo para nos apontar os pontos de melhoria nas condições de trabalho oferecidas.
Portanto, é errado pensar no exame apenas como uma exigência da lei. Essa é mais uma fonte de informação que pode e deve ser considerada pelo RH.
5) Feedbacks para a empresa
Os resultados de qualquer análise demissional dependem muito da qualidade das informações coletadas durante o processo. Aproveite o momento para estabelecer um canal de comunicação saudável com o colaborador e ouvir sua opinião com atenção, pela última vez.
Utilize o processo para buscar feedbacks honestos sobre a empresa e seus efeitos na vida do colaborador. O momento da análise pode ser muito rico, mas, para isso, precisamos ser capazes de extrair opiniões genuínas e construtivas.
6) Análise dos dados
Chegamos ao fim das conversas e entrevistas com o colaborador que está se desligando. Até aqui, fizemos diversas perguntas e coletamos o máximo de informações possível sobre as percepções do ex-colaborador e de seus colegas. Agora, é preciso dar um direcionamento para os dados.
O momento da análise em exige atenção e disponibilidade para compreender as exigências e reclamações da equipe. Lembre-se que a opinião de quem está saindo, provavelmente, é compartilhada por outros funcionários. Queremos oferecer um ambiente de trabalho agradável para todos.
No fim, a análise dos dados precisa ser diretiva e nos encaminhar para as mudanças e otimizações que vão garantir contratações mais assertivas e vínculos mais duradouros no futuro.
O melhor de uma situação ruim
Toda demissão é uma situação complicada para as empresas. É preciso realizar os cálculos do acerto, garantir o pagamento dos tributos e ainda se organizar para um processo seletivo. Esse, por sua vez, desencadeia em ainda mais gastos com divulgação, encargos e treinamento do novo funcionário.
O momento não é dos melhores, mas, isso não significa que não há nada que possa ser feito para melhorar. Ao investir em uma análise demissional bem-feita, o RH consegue fazer o melhor de uma situação ruim. Utilizamos as informações do que deu errado para construir um futuro mais assertivo. Assim, garantindo que as demissões sejam pontuais e amigáveis.
Para saber mais sobre como melhorar os resultados do seu RH, continue acompanhando nosso blog.
Informações sobre a autora:
Bianca Andrade
Psicóloga e Co-Founder da Sociis RH
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