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Partnership: como esse modelo pode beneficiar a sua empresa

Partnership: como esse modelo pode beneficiar a sua empresa

Dentro do RH, vivemos o desafio de manter os colaboradores motivados e engajados com a organização. Mas, nem sempre as remunerações, bônus e benefícios são suficientes. Falta a famosa “cabeça de dono” que tanto se pede nas descrições de vagas.

O partnership é um modelo de negócios que surge como remédio para esse dilema. A partir dele, construímos uma estrutura societária mais ampla e que de fato convida os colaboradores para serem donos de uma parte da empresa. Continue lendo para saber mais.

O que é o modelo de partnership?

O partnership é um modelo de negócios que tem ganhado atenção de empresas do mundo todo nos últimos anos. A partir dele, desenvolvemos um plano estruturado e validado que permite que alguns colaboradores se tornem sócios da empresa. Do inglês, o termo “partnership” significa literalmente “parceira” – um bom indicativo do que se trata.

Quando bem aplicado, o partnership representa muito mais do que apenas um modelo societário. Negócios que seguem por esse caminho sofrem transformações profundas em sua cultura organizacional, se beneficiando de seus efeitos positivos no médio e longo prazo.

Por definição, o partnership abre espaço para os melhores funcionários ingressarem no quadro de sócios. Os critérios para a escolha do grupo que estará apto a ocupar essa posição variam de organização para organização. Não existe uma fórmula pronta nesse sentido. Cada gestor precisa avaliar o contexto de sua empresa para definir os parâmetros de viabilidade do partnership.

As origens do modelo partnership

Tudo indica que o partnership surgiu como modelo de negócios dentro de empresas americanas do ramo financeiro, como a Goldman Sachs. 

O grupo financeiro que quase faliu na Grande Depressão de 1929, continuou mal durante a Segunda Guerra Mundial e só se recuperou ao adotar o partnership. A empresa deve ao modelo grande parte do seu sucesso atual. Essa história é retratada em The Partnership, de Charles D. Ellis.

No Brasil, a primeira empresa a adotar o modelo foi o Banco Garantia, depois da aquisição de Jorge Paulo Lemann nos anos 1970.

Como o partnership funciona em uma empresa?

Como em qualquer gestão, a entrada de um novo sócio exige um investimento inicial cujo valor varia. Quanto maior a quantia aplicada, maior a cota adquirida – da mesma forma que acontece no mercado de ações. 

Diferente do que acontece na bolsa, porém, a empresa não está aberta para receber investimento de qualquer pessoa com o modelo de partnership. Aqui buscamos sócios que já integram a equipe e estão inseridos em seu cotidiano de produção. A intenção é encontrar sócios verdadeiramente dedicados ao sucesso da empresa e que vão trabalhar ativamente para isso. 

Por conta dessas características, não é ideal recorrer ao partnership apenas como forma de conseguir um aporte financeiro para o negócio. Existem formas mais fáceis e eficientes para isso. Quando nos voltamos ao modelo, buscamos parcerias reais que possam somar expertise e dividir as responsabilidades.


As vantagens do modelo

O modelo de partnership traz diversas vantagens para a organização que o adota. Confira abaixo alguns dos benefícios principais.

Crescimento autossustentável

Hoje em dia, já não basta mais que as organizações busquem aumentar suas vendas de maneira imediata. Os principais estudos da área, em especial na era do RH 4.0, apontam para a necessidade de garantir crescimento autossustentável.

Com o modelo de partnership, conseguimos alcançar essa sustentabilidade mais facilmente, pois o quadro societário está sempre se renovando. Na prática, isso significa maior foco em estratégias que possam garantir a retenção dos talentos, uma otimização do uso dos recursos e um desenvolvimento contínuo em longo prazo.

Mais engajamento dos colaboradores

Outra vantagem importante trazida pela inclusão de colaboradores no quadro societário é que isso aumenta o engajamento geral das equipes. Ao agregar sócios que estão diariamente dentro da empresa, aumentamos o número de profissionais que trabalham com a tal “cabeça de dono”.

O maior engajamento se dá pelo fato de que existe mais gente investida na empresa. E mesmo para quem ainda não é sócio, a possibilidade de sê-lo no futuro funciona como motivação para o engajamento.

Maior produtividade

Com mais engajamento com o trabalho, a tendência é que aumente também a produtividade da empresa. Mais motivados a fazer o negócio dar certo, os colaboradores passam a buscar formas de trabalhar de maneira mais eficiente e construir resultados cada vez melhores. E a melhor parte é que os ganhos de produtividade tendem a ser mantidos com o tempo.

Retenção de talentos

Até aqui esclarecemos as formas como o modelo partnership garante mais engajamento e produtividade dentre os colaboradores. Explicamos como sua proposta contribui para uma cultura organizacional mais rica e estimulante para os colaboradores. Existe sempre o objetivo de se tornar um sócio e isso serve como motivação.

Dessa forma, um dos efeitos indiretos do modelo partnership está na retenção dos talentos por mais tempo na empresa. Os profissionais enxergam uma perspectiva de crescimento e isso os motiva a permanecer.

Intraempreendedorismo

Ao adotar o modelo de partnership, estamos fazendo muito mais do que apenas promover a motivação das equipes. Sua implementação mexe completamente com a cultura organizacional, mudando para melhor vários aspectos da organização.

Mais especificamente, vemos surgir uma tendência ao intraempreendedorismo com espaço e oportunidade para que os funcionários tenham uma perspectiva de crescimento palpável.

Os riscos de adotar o modelo

Está claro que o partnership pode agregar muitas vantagens para um negócio. Mas, como qualquer mudança profunda no modelo de negócios, sua adoção precisa ser cautelosa para evitar os riscos inerentes.

É importante que a transformação seja feita na hora certa e de maneira estratégica. É o que afirmam os professores James E. Henderson, Charles Dhanaraj and Karine Avagyan e Michelle Perrinjaquet em artigo publicado em 2014 pelo Institute for Management Development (IMD). 

O texto cita uma pesquisa com 79 profissionais de 50 empresas diferentes. Segundo os dados, 31% dos participantes fracassaram na implementação do partnership. Desse grupo, pelo menos 70% tinham experiência prévia com o modelo de negócios.

Dentre os motivos citados para o fracasso, destacam-se o subinvestimento, a super apropriação e o desalinhamento entre metas (metas conflitantes).

A boa notícia é que existem formas de evitar a ocorrência desses riscos. Basta estudar bem as regras do modelo, planejar de acordo com o cenário atual de sua empresa e se inspirar em histórias de sucesso de outras organizações.

Empresas que adotam o partnership

Temos hoje alguns exemplos de organizações grandes e consolidadas que adotam o partnership como modelo de gestão empresarial. Abaixo, separamos três exemplos.

XP Investimentos

Com mais de 20 anos de atuação no mercado, a XP Investimentos é hoje uma das maiores instituições financeiras do país. A empresa já utiliza o modelo de partnership há alguns anos e com isso teve um crescimento admirável. A avaliação é de um de seus fundadores, o atual presidente executivo da companhia, Guilherme Benchimol.

Ambev

A brasileira Ambev é uma das maiores e mais conhecidas empresas do país. Fundada em 1999 a partir da fusão da Cervejaria Brahma e da Companhia Antarctica, a companhia está hoje presente em outros 18 países, além do nosso. Os números apontam para 32 cervejarias e 30 marcas de bebida em seu catálogo, além de mais de 40 mil colaboradores pelo mundo.

Goldman Sachs

A Goldman Sachs é um dos principais bancos de investimento do mundo e uma das empresas pioneiras na adoção do modelo partnership. Fundada e sediada em Nova York desde 1869, estima-se que a instituição tenha um total de ativos próximos a US$ 1 trilhão. A adoção do modelo de partnership teria sido um dos responsáveis por sua recuperação financeira no período pós-guerra.

Como montar um plano de partnership

Confira a seguir algumas dicas práticas para que você também possa montar um plano de partnership a prova de erros.

Valorização do colaborador

Garantir a valorização do colaborador é o primeiro passo para construir uma cultura propícia para o modelo de partnership. Queremos proporcionar uma boa experiência ao colaborador, para que ele almeje se vincular de maneira permanente como sócio.

Cultura organizacional sólida

Ao passo que os primeiros sócios entram para o quadro, a tendência é que tenhamos todos aqueles ganhos de engajamento que já citamos.  Mas, isso não vai acontecer se não houver uma cultura organizacional sólida que suplante as práticas do dia a dia. Por isso, é importante reservar um tempo para avaliar se os objetivos e valores da empresa estão bem-definidos e se foram comunicados à equipe.

Apresentação do modelo como oportunidade

Ao adotar o modelo de partnership, queremos fazer brilhar o olho do colaborador. Precisamos conquistá-lo para que ele queira integrar o quadro de sócios e se dedicar como um verdadeiro dono. Por isso, é essencial que o programa seja apresentado como uma oportunidade de crescimento desde o início. É um caminho que beneficia a todos e isso precisa ficar claro.

Autonomia aos sócios

Já algum tempo, trabalhamos dentro do RH com o pressuposto de que conferir autonomia ao colaborador pode trazer benefícios importantes. Quando estamos falando de um funcionário que passa a ser dono, isso é ainda mais importante. O plano de implementação deve considerar que, uma vez associado, o profissional precisa gozar de certa autonomia em seu cotidiano de trabalho.

Garanta benefícios por meio do partnership

O modelo de partnership garante uma série de benefícios para a empresa que o adota. A mudança na cultura organizacional é profunda e traz mais engajamento para a equipe de colaboradores que agora conta com novos sócios. 

Para garantir todas as vantagens, é importante ser diligente e cuidadoso durante a implementação.

Estudando bem e seguindo nossas dicas, você também vai conseguir beneficiar sua empresa com o modelo partnership.

Informações sobre a autora:

Bianca Andrade
Psicóloga e Co-Founder da Sociis RH

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