Como preparar seu RH para as oportunidades do metaverso
Nesta segunda década de século XXI, uma preocupação constante das empresas é saber como preparar o RH para as oportunidades do metaverso — palavrinha bastante popular em artigos e matérias de várias editorias. Afinal, essa espécie de “dimensão” que une o real e o digital impacta todos os setores da sociedade.
Nesse contexto, fica a reflexão/provocação: a sua gestão de pessoas tem contatos com esse ambiente que mais parece obra de ficção científica?
Neste artigo, você confere algumas coordenadas para guiar essa situação de forma eficiente e assertiva. Vamos lá?
O que é o metaverso?
O conceito surgiu na década de 1980 e ganhou musculatura nos anos 2000, com o jogo Second Life, que acabou desidratado justamente por causa de limitações da tecnologia. O assunto voltou aos holofotes em 2021, quando Mark Zuckerberg mudou o nome da sua empresa de Facebook, Inc. para Meta Platforms, Inc. e anunciou um aporte na casa dos US$ 50 milhões na construção de um ambiente virtual tridimensional, o metaverso.
Em suma, o metaverso é um universo digital que mistura realidade aumentada e ambientes visuais. Nesse ambiente, as pessoas interagem por meio de seus avatares, de forma imersiva e bem parecida à vida real. A experiência é real, mas o cenário é simulado e pode ser acessado com a utilização de um par de óculos de realidade virtual. Ao entrar no ambiente do metaverso, as pessoas podem fazer negociações, promover reuniões e realizar várias atividades que são executadas no mundo real.
O metaverso no ambiente de trabalho
De acordo com as previsões, dentro de no máximo 15 anos, esse ambiente tecnológico e apontado como “o futuro da internet” estará disponível e acessível para todos. Acontece, porém, que o metaverso já é uma realidade no cenário corporativo. Essa tecnologia, inclusive, já chegou nas esferas políticas! Afinal, um vídeo do Governo de Mato Grosso no Metaverso foi destaque em um evento recente da ONU.
Voltando para o meio corporativo, é preciso frisar que já existem muitas empresas que utilizam dessa tecnologia para os mais variados tipos de processo, incluindo recrutamento e seleção e capacitação. Essas atividades acontecem em ambientes virtuais, de modo que os envolvidos interagem com o avatar da empresa e participam de dinâmicas.
Prestadores de serviços também recorrem à essa tecnologia. Afinal, já existem escritórios de advocacia que criam salas no metaverso para atender clientes.
Seja lá qual for a natureza do negócio, as empresas que atuam no metaverso adotam um posicionamento visionário e dão alguns confortáveis passos à frente de seus respectivos concorrentes. Dessa forma, conquistam a atenção de clientes, parceiros e talentos que prezam por manter laços com quem caminha em sintonia com os avanços da tecnologia.
Como o metaverso impacta no trabalho?
Por mais que pareça uma realidade futurística, ou até mesmo um ecossistema de jogos, o metaverso já existe em ambiente corporativo. Inclusive, a própria Meta lançou uma plataforma corporativa em ambiente virtual, a Horizon Workrooms, em agosto de 2021. Para acessar a Horizon, os profissionais utilizam óculos de realidade virtual e ingressam em salas, onde interagem com colegas e com computadores.
A tecnologia e o modus operandi do metaverso também já são realidade em diferentes níveis fora do universo Facebook. Basta pensar, por exemplo, nos conceitos anywhere work ou anywhere office, “escritório em qualquer lugar”, na tradução livre ― uma tendência crescente.
Além disso, o home-office era realidade antes da pandemia da Covid-19. Em outras palavras, o confinamento forçado a partir de março de 2020 impulsionou a cultura do trabalho remoto, que continua forte, independente das possibilidades de volta à rotina presencial. Esse cenário, inclusive, ajudou as empresas a perderem o receio de contratar profissionais espalhados mundo afora.
Diante disso, as aplicações do metaverso no trabalho encurtam a distância entre as pessoas em diferentes interações que façam parte do cotidiano da empresa, conforme descritas a seguir:
- reuniões de equipe ou com fornecedores;
- rodadas de negociações com clientes;
- entrevistas de emprego ou demissionais.
Além de proporcionar praticidade, o metaverso no trabalho suaviza os impactos causados pelo distanciamento entre colegas. Afinal, nem todos conseguem entregar alta performance quando trabalham longe das equipes.
Para contornar essas adversidades, a expectativa é que o metaverso revolucione as chamadas de vídeo. No lugar do Zoom ou do Google Meet, os colaboradores utilizarão óculos de realidade aumentada para reunir seus avatares em um ambiente virtual que simulará um espaço de conferência.
O papel do RH no metaverso
Essa nova postura digital é uma ótima oportunidade para o setor de RH promover melhorias. Afinal, o papel da gestão de pessoas em tempos de jornadas de trabalho híbridas, home office e presenciais, transcende a questão de apenas fazer controle de ponto (sim, em muitas empresas, esta atribuição do Departamento Pessoal recai sobre o RH) com eficiência. Dessa forma, os gestores podem utilizar o metaverso como ferramenta de trabalho da seguinte forma:
Processos seletivos
Processos de seleção acontecendo em ambiente virtual estão cada vez mais recorrentes. Com o advento do metaverso, no entanto, a experiência será mais realista e favorecerá a atração de talentos.
Inclusão de colaboradores
O metaverso é essencial para priorizar as questões de diversidade e inclusão. Em ambientes físicos, principalmente tratando-se de locais despreparados, é comum a ocorrência de problemas de mobilidade. Com o apoio da tecnologia, por meio da realidade virtual aumentada, barreiras como essa não existem.
Além disso, o ambiente virtual potencializa o contato e a aproximação de pessoas que vivem culturas e realidades distintas. Fatores como esse, enriquecem a experiência profissional de todos os colaboradores, e promovem a diversidade na organização.
Melhoria no clima organizacional
Outra oportunidade do metaverso para o RH é a contribuição ao clima organizacional da empresa. Essa melhoria acontece, sobretudo, porque essa tecnologia tão revolucionária tende a aproximar pessoas, além de impulsionar a criação de ambientes mais acolhedores.
Atuando na realidade virtual, as empresas podem criar ambientes de troca e conexão que permitam que os funcionários interajam durante a execução das tarefas do trabalho. Além disso, durante as pausas, o clima de proximidade favorece o desenvolvimento de conversas mais descontraídas e relaxantes.
Aumento no engajamento por parte dos funcionários
Manter um colaborador engajado está entre as tarefas mais desafiadoras do RH, principalmente em tempos de trabalho remoto. Afinal, para muitos trabalhadores, a ausência de contato humano pode instaurar a monotonia, sensação essa que causa queda na produtividade.
Nesse tipo de situação, o RH pode contar com o metaverso para reverter a situação. As atividades de gamificação, por exemplo, podem ser utilizadas para melhorar o engajamento e desenvolver habilidades dos talentos que eventualmente se encontrarem estacionados na melancolia.
Os desafios do metaverso para o RH
Em suma, a ideia do metaverso é simular ambientes físicos reais. Logo, o setor de RH deve estar preparado para compreender que os processos de adaptação dessa realidade podem variar de pessoa para pessoa. Afinal, os indivíduos são diferentes entre si e incognoscíveis em sua totalidade.
Sendo assim, o RH tem como principal desafio a questão do comportamento dos colaboradores perante a tecnologia, aliada ao ambiente corporativo. Para começar, os gestores devem reduzir o impacto dos efeitos negativos proporcionados pelos modelos de trabalho híbrido e remoto. Nesse sentido, o setor deve perceber como os colaboradores reagem e se comportam, para então fazer uma triagem entre práticas que devem ser abolidas e as que devem ser instigadas.
Outro desafio do RH é lidar com a questão da saúde mental dos profissionais. Afinal, a virtualização do ambiente de trabalho traz à tona um ponto de alerta realmente preocupante: a transferência do espaço de trabalho para a casa do colaborador. Logo, é comum o funcionário não conseguir se desligar de suas tarefas e até mesmo acabar trabalhando mais do que deveria. Nesse cenário, surge a dificuldade de separar o que é tempo de trabalho, do que é tempo de descanso.
Logo, seja pelo uso excessivo das tecnologias, ou pela dificuldade de adaptação, os gestores de recursos humanos precisam ficar atentos aos comportamentos dos indivíduos. Dessa forma, é necessário pensar na entrega das tarefas, sob duas perspectivas:
- como os processos de desenvolvimento das tarefas
- como está o colaborador responsável por aquela tarefa
Por fim, é impossível ignorar a relevância de outro fenômeno que surgiu com a maior utilização das plataformas online após a pandemia. Trata-se do “Zoom Fatigue”, nome dado à constante realização de reuniões virtuais, que tendem a causar cansaço mental excessivo nos colaboradores.
Seu RH está pronto para o metaverso?
O metaverso proporciona uma série de conquistas e desafios para o setor de RH. Logo, é necessário que as empresas se especializem e concentrem investimentos na inovação da tecnologia em todos os setores. Lembrando que, programas de treinamentos representam uma condição sine qua non para quaisquer novidades — sobretudo as tecnológicas.
Além do preparo técnico, também é fundamental humanizar o RH, levando em consideração o auxílio da tecnologia. Logo, o ideal é lapidar as oportunidades surgidas para criar ambientes virtuais de trocas e conexões, que prezam tanto pela efetividade quanto pelo aspecto emocional dos colaboradores.
Dessa forma, fica a reflexão e os incentivos intelectuais para que o seu RH entre em 2023 efetivamente preparado para lidar com a chegada do metaverso no cenário.
Conteúdo produzido por Genyo
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