Como compreender o mal-estar provocado pela Pandemia do Coronavírus?
Nos últimos meses, a humanidade tem vivido momentos de pânico e medo, em razão do surgimento de um novo vírus e sua rápida propagação pelo mundo. O novo Coronavírus, ou COVID-19, como é conhecido, provocou (e ainda provoca) uma quantidade assustadora de mortes (apesar de sua taxa de letalidade ser considerada ligeiramente baixa, em relação a outros vírus). A situação se agrava devido à falta de um “tratamento específico” e ausência de vacina/remédio (pelo menos até o momento).
Diante deste cenário, a população se vê completamente vulnerável e perdida em relação ao futuro. O que vai acontecer nos próximos dias? Como o país vai reagir? E as pessoas de modo geral? Essas são algumas das perguntas que têm assolado nossas vidas, neste triste momento.
O sofrimento segundo Freud
Para falar sobre isto, recorreremos a Freud (1930), em ‘Mal estar na Civilização’. Neste texto, Freud nos ensina que a vida real, tal como a conhecemos, é muito difícil de ser suportada, haja vista que nos permite experimentar muito mais a sensação de desprazer e sofrimento, que o seu oposto, isto é, o prazer e alegria. Ele ainda afirma que o sofrimento nos ameaça, a partir de 03 direções. Uma delas é o nosso próprio corpo, esta estrutura passageira e fadada à decadência. Neste caso, somos inundados pelo medo de envelhecer e, principalmente, de morrer. Não à toa assistimos, e hoje mais do que nunca, ao culto à juventude, ao ideal do corpo e a todas as formas de se evitar o envelhecimento e perpetuar a vida.
O sofrimento também pode vir do mundo externo. Neste caso, ele vem contra nós com toda a sua fúria e supremacia. Podemos percebê-lo quando assistimos aos desastres naturais, as calamidades públicas, as destruições em massa e a toda a angústia, e, muitas vezes, o sentimento de impotência que isso nos causa.
E, finalmente, o sofrimento é proveniente do relacionamento do homem com o próprio homem e das limitações e restrições que a vida em sociedade nos impõe. Neste caso ele é ainda mais “penoso”, acrescenta Freud, pois seria o único sofrimento que poderíamos evitar. Entretanto, não o fazemos.
Para lidar com todo o sofrimento que vivenciamos e experimentamos, desenvolvemos algumas medidas paliativas. Estas medidas funcionam como uma espécie de caminho que encontramos para dar vazão às nossas “tensões”.
O que será retratado aqui, neste artigo, é o sofrimento que vem destas três direções, já explicitadas por Freud em 1930, e que hoje nos chega através de um só golpe, de uma só vez. O CORONAVÍRUS. Ele causou e ainda causará, segundo estatísticas de especialistas, muitas mortes (como dito acima), evidenciando a fragilidade de nossos corpos. Veio num solavanco e destruiu (e ainda destrói), tal qual um furacão, os lugares, economias e países por onde passa. Causou ainda isolamento social, despertou medos, ansiedade e, acima de tudo, pânico.
Coronavírus e as suas incertezas
Tamanha é a repercussão que o assunto tem dominado os noticiários, paralisado países, alarmado governantes e deixado em total estado de apreensão a área da saúde, bem como as empresas e seus colaboradores. O que fazer? A quem recorrer? Em que(m) acreditar? Devo, ou não, ir trabalhar? Onde vamos parar? Estas perguntas reverberam nas cabeças das milhões de pessoas. No Brasil, ela é ainda mais delicada, pois vivemos uma grande polarização.
Mas, o que de fato interessa é que ainda não existem respostas precisas a nenhum destes questionamentos. A única certeza que temos é a incerteza. Talvez este seja o ponto de maior angústia.
O ser humano, tão habituado a responder a todas as questões, seja pelo viés da ciência, da racionalidade, do empirismo ou pela fé e pelos mitos fundantes, sempre encontrou respostas a seus questionamentos, ou simplesmente se rendeu ao alívio propiciado por um Ser Superior. Mas, e o Coronavírus? O que ele representa? Infelizmente, não temos respostas.
O Homem, centro da razão, marcado pela arrogância de tudo saber, se vê agora em sua mais insignificante existência, atravessado pelo desconhecido, cingido pela dor real no Real do corpo, desvelando sua falta a ser. A este sujeito, alienado ao discurso do Outro, pedimos CALMA.
O que fazer neste momento de pandemia?
Não adianta atirar para todos os lados, se saturar de tanto ler e/ou assistir jornais, buscar a todas as notícias possíveis, pesquisar a tudo o que pode. Também não é válido negligenciar as orientações de especialistas. O momento exige Equilíbrio e Sensatez. O mais prudente a se fazer é direcionar sua energia, todas as energias, para algo maior, para o bem comum. O ideal é nos unirmos, enquanto nação. Já que o sofrimento é inevitável, vamos suavizá-lo.
Por que nos administramos doses extras de sofrimento? Precisamos olhar a situação de fora, não nos aprisionarmos na insanidade de nosso ser. Aquele que conseguir, direcione sua energia para as coisas belas, para a arte, para a criação. Aquele que puder, direcione para o bem ao próximo, para a coletividade. Aquele que crer, direcione para onde sabe que encontrará. Já aquele que nada sabe, estamos aqui para te escutar. FALE!
Informações sobre a autora:
Bianca Andrade
Psicóloga e Co-Founder da Sociis RH
Formidável! serviu grandemente para tranquilidade pessoal e referenciar em processo de regulamentação de visitas e guarda compartilhada.