White label: o que é e suas aplicações no mercado
O White Label se trata de um modelo de negócios que foca na terceirização do desenvolvimento de produtos e serviços por parte de uma marca. O método é bastante útil para empresas que buscam criar processos internos em molde personalizado e escalonável.
Você pode até não saber, mas, provavelmente já consumiu um produto feito por meio de acordos de White Label. Isso se deve à alta popularidade do modelo de negócios e as vantagens que oferece para ambos os lados.
Continue lendo para entender melhor como funciona o White Label e suas aplicações no mercado.
O que é White Label?
Chamamos de White Label o modelo de negócio no qual uma empresa cria a tecnologia e o design de um produto, mas terceiriza os aspectos comerciais de sua distribuição e comercialização. Dentro do acordo, a empresa que produz é a proprietária daquele produto para fins legais. Ela, porém, não precisa arcar com custos de logística e marketing sobre aquele item.
Na prática, isso significa que a mercadoria é produzida por uma empresa, mas adereçada com etiqueta de sua parceira de negócios. É daqui que vem o nome do conceito, inclusive. Em inglês, “white label” significa “etiqueta branca” – uma referência à marca que acaba estampada no produto.
Em geral, esse modelo de negócios acaba sendo adotado por empresas que desejam expandir seu catálogo, mas que não podem ou não querem investir em estrutura física. Assim, contratam fábricas que já contam com estrutura própria para tomar conta desse aspecto.
Do outro lado, existem organizações que se especializam em atender outros por meio do White Label. Ainda que suas marcas fiquem ocultas atrás da etiqueta de sua parceira, esse tipo de negócio especializado chama muita atenção por ser barato e seguro.
Private Label (PL)
No mercado, é comum que muitos usem os termos White Label e Private Label nos mesmos contextos. É um equívoco tratar esses dois modelos como equivalentes pois eles não são a mesma coisa.
Assim como no White Label, os acordos PL são feitos para que uma companhia forneça um produto pronto para outra comercializar sob marca própria. Mas, no caso da etiqueta branca a propriedade intelectual do produto pertence à fabricante, que é quem desenvolve o design e a tecnologia ali aplicados.
Para os produtos de PL, a relação é inversa. Cabe à marca que comercializa fornecer o desenho e coordenar toda a gestão da marca. Portanto, ela é dona da propriedade intelectual daquele produto e tem exclusividade sobre ele.
Podemos pensar em dois exemplos aqui. No caso do White Label, é aquele produto vendido nas gôndolas com a marca própria da rede de supermercados. Já o Private Label, é aquela marca de roupas que encomenda coleções completas para fábricas terceirizadas.
Como funcionam acordos White Label
Os negócios White Label funcionam por meio de um contrato firmado entre a empresa fabricante/desenvolvedora e a marca que vai adicionar seu nome na etiqueta branca. Esse tipo de acordo depende, portanto, da confiança de que ambas as partes vão cumprir com seu compromisso legal.
É importante que exista esse comprometimento documentado porque qualquer descompasso na demanda pode gerar prejuízos. Isso porque nenhum fabricante trabalha com um estoque gigante. No mundo ideal, a gestão deve considerar um estoque pequeno para evitar gastos excessivos. Do outro lado, um atraso ou falta nas entregas dos produtos prometidos deixa a marca que comercializa sem fonte de renda.
Podemos partir para um exemplo prático nesse sentido. A empresa Alfa é uma pequena confecção que vende pela internet. Para o verão, sua proprietária busca a fabricante Beta e encomenda diversas peças de moda praia do catálogo. As roupas desenhadas pela Beta serão entregues com etiqueta da Alfa.
Dentro desse exemplo, fica claro como uma depende da outra. Sem as roupas, Alfa não tem produtos para vender. Sem a compra, Beta fica com estoque parado.
A origem da expressão
Pode parecer inusitado, mas o conceito White Label tem uma origem muito distante de seu uso atual no meio corporativo. O termo começou a ser utilizado no contexto do Hip Hop dos Estados Unidos, no final dos 1980.
Na época, o movimento dava seus primeiros passos com os DJs populares da cena, elaborando suas próprias versões de músicas já conhecidas pelo público. Esse processo misturava trechos de diversas músicas para criar um som novo a partir de um remix.
No início, esse processo acontecia de maneira clandestina por ser considerado um plágio dos lançamentos originais. Aos poucos, porém, as gravadoras começaram a perceber o potencial do processo para divulgar seus artistas. Então, passaram a enviar discos cheios de “faixas brancas” – White Label – específicas para que os DJs pudessem remixar.
O tempo passou e o termo começou a ganhar novas aplicações, mas, mantendo sempre alinhado ao significado original que remetia à permissão de uso.
Modelo de franquias vs. White Label
A essa altura você já entendeu que o White Label define o trabalho focado em fornecer uma empresa com produção terceirizada e conferir a ela direitos de uso e distribuição daquele produto. Mas é justamente por conta dessa definição que muitos acabam confundindo esse conceito com o modelo de franquias.
De fato, os franqueados brasileiros obtêm das franqueadoras o direito de distribuir e comercializar um produto que não faz parte de sua propriedade intelectual. Ele recebe orientação sobre como divulgar, preparar e vender seus produtos, de forma a manter o padrão de qualidade estabelecido.
É justamente aqui que fica clara a diferença entre a franquia e o White Label.
O primeiro preza por uma padronização no marketing e para garantir que todas as unidades ofereçam soluções similares. Assim como na etiqueta branca, ele não detém a propriedade intelectual. Mas, a franquia tem obrigação de manter a marca da fabricante/franqueadora. Ele deve seguir seu padrão e paga uma taxa de licenciamento para ter direito a usar sua marca.
O mesmo não acontece no White Label. Ainda que não tenha propriedade sobre o design, a empresa que adquire o produto o envelopa em sua marca e pode seguir com a divulgação como bem entender.
White Label no mercado brasileiro
A produção de bens de consumo no modelo White Label ainda está começando no Brasil. Mesmo assim, o crescimento constante já é perceptível nos balanços da indústria ano após ano. Parte da resistência vem do público, que ainda enxerga nesses produtos itens de menor qualidade e baixo valor agregado.
Assim, a maior parte das marcas que vendem com etiqueta branca vem do varejo, principalmente supermercados. Nesse contexto, podemos destacar marcas exclusivas de redes como Pão de Açúcar (Taeq, Qualitá e Cassino) e Carrefour (Carrefour Home, Selection, Kids, Baby, etc.). Na farmácia, redes como Droga Raia/Drogasil/Onofre também tem produtos de marcas próprias em suas prateleiras.
Na indústria têxtil também existem alguns grandes nomes que terceirizam parte ou o todo de sua produção. Nessa categoria podemos citar marcas de vestuário como Hering e Riachuelo.
Em muitos situações, é difícil dizer de longe se os casos de produção terceirizada se tratam de White Label ou PL – a resposta depende de uma avaliação da natureza do acordo.
As vantagens do modelo de negócio
A principal vantagem de se investir em White Label certamente é a redução de custos que esse modelo de negócios promove. As empresas não precisam mais gastar com especializações de mão de obra e compra de maquinário. Basta terceirizar os aspectos materiais de sua produção e cuidar da comercialização.
Esse movimento traz mais segurança para sua gestão. É quase impossível garantir o sucesso de um produto antes de ter seu lançamento no mercado. Nesse sentido, vale a pena realizar um pré-lançamento com poucas unidades. Caso não exista a procura esperada, a empresa não precisa lidar com os custos de investir numa linha de produção.
Do lado de quem produz, o modelo também traz vantagens claras. Ao fechar um negócio White Label, a fabricante tem a certeza de saída para os seus produtos. Então, pode focar em garantir uma produção de qualidade sem se preocupar com os detalhes da comercialização.
As limitações do White Label
Mas como nem tudo são flores no mundo da gestão, existem limites para o White Label e suas vantagens para uma organização.
Uma das principais críticas ao modelo está no fato de que ele limita a autonomia da contratante sobre os detalhes do produto que ela vai comercializar. A propriedade intelectual segue com a empresa que produz e cabe a ela decidir os detalhes técnicos e estéticos da mercadoria.
Mas ainda que decida tudo, a contratada também não tem acesso aos créditos de seu produto. No mercado e na mente do consumidor, o item fica associado àquela marca que teve seu nome estampado.
Uma nova solução para um problema antigo
Os negócios White Label têm ganhado cada vez mais adeptos em diversos segmentos de mercado. Mas, isso não significa que esse seja um modelo novo. Como vimos, o termo vem sendo utilizado pelo menos desde os anos 1980. Para além disso, é impossível garantir que o conceito não precede a criação do nome.
O que sabemos é que esse modelo soluciona um problema antigo ao oferecer maior segurança para marcas que desejam expandir. Do outro lado, garante renda fixa para empresas que tem estrutura, mas cuja marca ainda não é muito conhecida.
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Equipe Sociis RH
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